A atriz e escritora Cristiane Sobral terá duas participações na 3ª edição da Jornada Literária do Distrito Federal, evento que ocorrerá entre 14 e 17 de agosto no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia.
A primeira participação será logo na abertura do evento, realizado com apoio do Fundo de Apoio à Cultura, o FAC. Sobral levará ao público formado pela comunidade das escolas públicas o espetáculo Só por hoje, vou deixar meu cabelo em paz. Além do nome do espetáculo, a artista só revela que haverá a participação do músico Ricardo Costa. “Faço questão de me despreparar, porque os encontros com as pessoas sempre precisam respeitar o inédito, o inesperado, o que poderá vir. Gosto dos ensaios, repouso, da alimentação leve, de tudo o que possa me esvaziar para depois me encher com a maravilha do encontro com o outro. Não quero revelar as novidades”, comenta, enigmática, Cristiane Sobral.
Com participações anteriores na Jornada, Sobral conta que o evento lhe trouxe motivação para escrever e a alegria em identificar jovens que são movidos pelas lutas de suas mães em defesa, por exemplo, da escola pública, mas também de outras bandeiras. Ela se lembra bem do depoimento de uma aluna. “(ela) Subiu ao palco para falar sobre como a descoberta da sua negritude e a aceitação dos seus cabelos crespos trouxeram um impacto positivo em sua vida, inclusive na relação com a família, amigos e a escola. Passou a se aceitar e a lidar melhor com o mundo a seu redor, mas ao mesmo tempo reconheceu que o racismo é real, teve que se fortalecer para lidar com ele diariamente”, recorda a poeta, autora de Eu não vou mais lavar os pratos (Poema e Dulcina Editora, 2010), livro de poemas que alcançou projeção nacional no programa Encontro com Fátima Bernardes.
O ativismo, marca do trabalho e da vida de Cristiane Sobral, não passará – e nem poderia ou deveria – ao largo da Jornada Literária, porque, segundo ela, estamos muito longe de uma sociedade igualitária. “130 anos depois da abolição do ponto de vista legal, o país segue em um sistema racista estruturante, estatisticamente discriminatório do ponto de vista de raça, de gênero, de classe social, tantas são as questões. Precisamos agir, pensar, valorizar os saberes e a diversidade cultural do nosso Brasil”, conclama a autora, atualmente levando aos palcos do DF o espetáculo Esperando Zumbi.